O nosso leitor André fez algumas viagens aéreas pelo Brasil há algumas semanas atrás e neste post ele compartilha conosco como foi a sua experiência de viajar durante a pandemia da covid-19.
Minha Experiência Voando Durante a Pandemia
Eu já estava ansioso para voltar a voar, assim como muita gente! Aproveitando necessidades de trabalho, conversei com o Claudio sobre a oportunidade de trazer alguns relatos e comentários sobre a experiência de voar durante a pandemia, especialmente em relação a movimento de aeroportos e procedimentos adotados pelas companhias.
Foram 6 voos em 6 dias. Passei pelos aeroportos de Guarulhos, Londrina, Brasília, Rio (SDU) e Confins. Procurei dividir os comentários em 3 fases: pré-embarque, embarque e voo e desembarque.
Acho importante observar que nem todas as experiências de viajantes foram analisadas, uma vez que estive sempre sozinho e apenas com bagagem de mão.
Adianto que mesmo com o momento delicado que vivemos e ciente dos riscos, me senti confortável em todas as situações. Pouco interagi com pessoas, respeitei as distâncias em todos os momentos e, sempre que possível, tive a preocupação de lavar as mãos. Além disto, a empresa área que escolhi pra fazer estes trechos vem adotando medidas de cautela em todas as etapas do voo.
Espero que as informações aqui presentes sejam, de alguma forma, úteis para quem pensa em viajar neste momento.
Voo São Paulo (GRU) – Londrina (LDB)
Cheguei ao aeroporto por volta de 16h para tirar algumas fotos e avaliar o movimento no saguão principal do terminal 2 de GRU.
Observei pouca gente circulando pelas áreas de check-in e um quadro bastante reduzido de funcionários nestas áreas. Apenas o suficiente para despacho de bagagem nos guichês e sempre alguém ajudando na área dos totens, onde fiz o meu check-in com tranquilidade.
Aproveitei o tempo de sobra para o embarque e fui para o único lounge então aberto no terminal 2 – a Villa GRU, que fica localizado na porta de entrada D do aeroporto. A sala estava com outras 4 pessoas e o serviço estava limitado. Me instalei na sala de reunião disponível dentro do lounge para trabalhar um pouco.
Faltando cerca de 1h para o voo, resolvi seguir para a área de embarque. Novamente, bastante vazio em comparação com o “antigo normal” do aeroporto de GRU numa segunda-feira às 17h30, mas com mais gente do que no mês de julho, quando fiz um voo para Belo Horizonte. Numa estatística pouco confiável de observação visual eu chutaria, pasme, o dobro de pessoas.
Não pude registrar com fotos, mas todas as filas do raio X estavam com poucas pessoas. Uma funcionária do aeroporto indicava aos passageiros qual fila seguir. Mal esperei para tirar o meu laptop da mochila.
O voo estava com cerca de 50% de ocupação, não teve atraso e foi muito tranquilo. O serviço não está sendo realizado durante os voos (segundo a LATAM, por determinação da ANVISA).
Para quem está nas primeiras fileiras – Premium Economy – a empresa oferece uma barrinha de cereal e um pacote de chips antes de desembarcar (o que, curiosamente, é um pouco diferente nas aeronaves com a “cortina” que separa a Economy da Premium Economy, como detalharei adiante).
Um dos poucos pontos positivos que surgiram como consequência de todas as preocupações da pandemia foi o procedimento de desembarque, que vem sendo feito por fileiras. Antes do pouso, a tripulação solicita que todos permaneçam sentados e orienta que o passageiro só deve se levantar quando os demais, da fileira anterior, já estiverem em direção à porta do avião.
O meu voo era o último do dia no aeroporto de Londrina. Todas as lojas já estavam fechadas e muito pouca gente no saguão, após a área da esteira de bagagem.
Voo Londrina (LDB) – São Paulo (GRU)
Cheguei ao aeroporto de Londrina por volta de 8h15 da manhã, ou cerca de 1h15 antes do voo. As lojas estavam abertas, porém com baixo movimento de passageiros no saguão do aeroporto.
Fiz meu check-in pelo aplicativo, ali na hora, em frente aos guichês da LATAM. Como eu não despachei bagagem em nenhum dos voos, não tive a experiência de contato com os atendentes do balcão.
A área de segurança estava completamente vazia e na sala de embarque havia uns 4 ou 5 passageiros, provavelmente todos do mesmo voo para São Paulo.
O embarque foi feito normalmente, sem qualquer tumulto. Assim como no voo anterior, o pushback foi feito com cerca de 10 minutos de antecedência em relação ao horário de decolagem.
A sensação que eu tive é que mesmo com um quadro de funcionário diminuído e frequência de voos reduzida, a operação das companhias aéreas está sendo feita com muita folga nos itinerários.
Todos os voos estão saindo e chegando pontualmente. Imagino que o próprio tráfego reduzido das aeronaves vem permitindo que os procedimentos de voo, especialmente aproximação em grandes hubs, sejam feitos sem gargalo, o que também gera impacto positivo no cumprimento do itinerário.
Não houve serviço de bordo e, assim como no voo anterior, o pacote de chips e a barrinha foram entregues um pouco antes do desembarque.
Ao descer em GRU por volta de 9h30 da manhã, já notei um movimento maior de passageiros na sala de embarque. Como eu tinha uma espera de aproximadamente 3h até o próximo embarque, voltei para a área externa, em direção ao lounge Villa GRU.
Voo São Paulo (GRU) – Rio de Janeiro (SDU)
Por volta de meio dia, parti para a sala de embarque. Desta vez, resolvi observar os estabelecimentos comerciais. Basicamente, os serviços de alimentação estavam funcionando normalmente, com protocolos de distanciamento e poucos funcionários. Já em relação às lojas, uma boa parcela – eu chutaria metade ou algo próximo a isso – estava fechada.
Mais um embarque feito normalmente. Eu já estava começando a torcer pra acontecer algum perrengue para trazer pro artigo… Algum passageiro batendo boca com funcionários por atraso no voo ou qualquer outro assunto, sabe? Tudo extremamente pacífico e funcional… Cadê aquele tumulto clássico? Tava ficando chato! Nem mesmo aquela fila pré embarque característica dos aeroportos brasileiros. Nada.
Logo que entrei, me sentei, pedi uma massa com uma taça de vinho tinto (já não estava dirigindo) e tive a feliz surpresa de encontrar outra leitora aqui do Passagens.top: a Cris, que também estava de passagem pelo SDU! Uma pena que o nosso bate papo durou cerca de 15 minutos, pois ela já iria seguir viagem.
Eu tinha mais 3h até o próximo voo, tempo suficiente pra ligar o computador e trabalhar um pouco mais.
Voo Rio de Janeiro (SDU) – Brasília (BSB)
Embora tenha sido o voo mais cheio de todos, com quase 100% de ocupação, todo o procedimento de embarque foi feito sem contratempos, assim como os demais. O voo também foi bem tranquilo e, para não ficar repetitivo, pularei diretamente para o desembarque.
Sem dúvida alguma, e de forma muito destoante, o aeroporto de Brasília estava muito mais movimentado que os outros, embora aquém do seu próprio patamar de normalidade pré pandemia. Após sua reforma e ampliação, este aeroporto se tornou um importante hub da região central do Brasil.
Voo Brasília (BSB) – Belo Horizonte (CNF)
O procedimento de embarque, o próprio voo e o desembarque foram bem parecidos com os anteriores, portanto vou seguir com o que me chamou a atenção neste voo, que foi o último do dia a descer em Confins.
Voo Belo Horizonte (CNF) – São Paulo (GRU)
Hora de voltar pra casa. Cheguei em Confins por volta de 13h15 para tirar algumas fotos antes do embarque. Fiquei bastante assustado com a quantidade de lojas e estabelecimentos fechados em Confins. Em toda a sala de embarque, apenas 1 estabelecimento estava vendendo cafés e salgados. Confesso que foi uma cena triste.
Algumas Palavras
Numa tentativa de fazer um resumo conclusivo sobre essas viagens, o que notei foi o seguinte:
- Na grande maioria dos aeroportos, o fluxo de passageiros ainda é significativamente inferior ao momento pré pandêmico;
- Em função disto, sobram espaços em praticamente todas as áreas de circulação dos terminais e salas de embarque (o que tende a ser reduzido, obviamente, com a retomada gradual das atividades e deslocamentos)
- Os protocolos de segurança, ao menos para este fluxo reduzido de pessoas, estão sendo bem empregados e os contatos físicos, se é que existem, são mínimos. Apenas como ilustração, até mesmo a validação do cartão de embarque e do documento pessoal é feita sem contato físico pelo agente do portão.
- O único ambiente que ainda deixa as pessoas mais próximas é o próprio avião, e aí deixo para a ciência e os vários relatórios apresentarem, com muito mais propriedade, os riscos de infecção em aeronaves.
- Para este perfil de passageiro, que viaja sozinho, apenas com bagagem de mão, confesso que me senti bastante confortável em todas as situações.
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