Neste artigo, o nosso querido Carlos faz uma retrospectiva dos programas de pontos de cartões de crédito. Confira suas conclusões!
Introdução – As novidades
Li recentemente no Falando de Viagem que o pomposo cartão Bradesco Aeternum, em teoria exclusivo para clientes do segmento Private, vai receber uma versão “popular” para o segmento de cliente Prime.
Relembrando quais as características que o Bradesco destaca do Cartão Aeternum:
- Visa Luxury Hotel Collection, que qualquer cartão Visa Infinite ou Platinum mequetrefe oferece.
- Acesso aos lounges Bradesco e conveniados (como os cartões “comuns” do banco Elo Diners e Amex TPC) e pelo Loungekey (dobraram a meta gratuita inicial de 6 para 12 visitas).
- Concierge Bradesco.
- Pontos que não expiram (uau!) e pontuação promocional de 4.0 por dólar gasto até o final de ano (este sim um diferencial temporário – o cartão pontua, normalmente, 2.3).
- Assessoria exclusiva (juntando com o Concierge, duas super vantagens imbatíveis do cartão).
A anuidade do cartão é de R$1.500, que não sei se tem política de isenção mediante volume de gastos.
Já estas são as características de destaque do novo Aeternum “popular”:
- Visa Luxury Hotel Collection.
- Acesso aos lounges Bradesco e conveniados e Loungekey (não sei quantas entradas gratuitas).
- Concierge Bradesco (ufa, foi mantido!).
- Pontuação de 2.3 por dólar gasto e, promocionalmente, 3.3 por gastos no exterior, até o final do ano (será que os pontos expirarão nesta versão?).
Infelizmente, a Assessoria exclusiva foi cortada 🙁 e não sei os detalhes da anuidade.
Mas o objetivo deste texto é outro! Está na hora dos grandes bancos buscarem diferenciais reais para os seus cartões e pararem de listar os benefícios da bandeira como diferencial. Estes benefícios são os mesmos para qualquer cartão de mesmo nível, ou serviços que 98% dos clientes jamais utilizarão por serem irrelevantes.
Já temos uma série de cartões de crédito de fintechs e pequenas instituições de crédito (Uniprime, Sicoob e Sicredi MCs Blacks) que, apesar da escala reduzida, dão um banho de vantagens sobre os maiorais do mercado, em termos de benefícios com valor da anuidade.
Programas de pontos de cartões de crédito – Os pontos ao longo do tempo
Voltando para o período de 2009-2011, época pós última crise (do subprime americano de 2008, que deverá parecer um período de bonança, comparado com o atual), a cotação do dólar oscilou, durante praticamente todo o período, abaixo da casa dos dois reais, numa média estimativa de R$1.80.
Neste período, o Amex TPC pontuava 2.0 por dólar gasto e transferia para as empresas Gol, Latam, Ibéria, Delta, Air France/KLM, Continental, British e Alitalia.
O Diners Club pontuava 1.0 por dólar gasto e transferia para Gol, Latam, American, Delta, El Al, Hawaiian, Korean, Northwest, South African, Thai e Qualiflyer Group (Swiss, TAP, Turkish, Air Europe, LOT).
Os cartões Bradesco Primes Infinite e Black pontuavam 2.2 e transferiam apenas para Gol e Latam.
Agora, já tem praticamente dois anos que a cotação do dólar não fica abaixo de R$3.60, com média provável superior a quatro reais.
O dólar subiu e a transferência de pontos para programas estrangeiros ficou mais cara. Tirando os tristes programas nacionais Latam Pass, Smiles e Tudo Azul, as únicas transferências com paridade 1:1 para programas estrangeiros são o Miles&Go (Livelo, Itaú, CEF, Porto Seguro, C6) e Ibéria (Santander).
Mas se os programas estrangeiros ficaram mais caros, as empresas de cartão de crédito também estão tendo gastos muito menores com os pontos acumulados, pois na mesma proporção em que o dólar sobe, menos pontos se ganha com as compras do cartão de crédito.
Dez mil reais gastos há dez anos renderiam 11 mil pontos no Amex TPC, 5.5 mil pontos no Diners e 12 mil pontos nos cartões Bradesco Prime, transferíveis, nos dois primeiros cartões, para uma gama excelente de parceiros internacionais.
Os mesmos dez mil reais gastos nos últimos anos renderiam 5.5 mil pontos no Amex TPC e 5 mil pontos nos cartões Bradesco Prime (o Diners-raiz encerrou suas operações no Brasil junto com o Citi). E, nos dias de hoje, renderiam 4 mil pontos. Ou seja, os custos dos cartões com emissão dos pontos também reduziram sensivelmente.
Reparem que, hoje, os cartões com fator de 2.2 pontuam 25% a menos que um cartão com fator 1.0 de anos atrás.
A pontuação dos cartões não foi atualizada e as possibilidades de transferências justas para programas estrangeiros foi praticamente eliminada. O meu ponto, então, é: se for para ficar deste jeito, está mais do que na hora de mudar o parâmetro de aferição dos pontos de dólar para real gasto.
O melhor cartão do momento?
Já temos um cartão fantástico neste sentido, um simples Platinum, que está dando banho em qualquer Infinito Eterno Nanquim Preto da vida: o Itaucard Pão de Açúcar
Este cartão transfere apenas para os três programas nacionais mas, em compensação, pontua 1 ponto por real gasto. E, conforme o exemplo anterior, dez mil reais gastos no cartão gerarão 10 mil pontos. Que são bonificáveis com os mesmos percentuais oferecidos aos demais cartões Itaú. Muito melhor (e bem mais barato em termos de anuidade, diga-se de passagem) que toda a concorrência.
Admito que a falta de um Miles&Go ou Ibéria Plus seja relevante. Mas, considerando que o cartão equivale a um bônus inicial de 150% para o TudoAzul ou 120% para Smiles ou Latam Pass (nestes programas, a transferência é feita na proporção 1:0.88), podemos dizer que os sofríveis programas nacionais ficam bem mais simpáticos.
Ou então, se é para não atualizar a pontuação e ficar pontuando menos de 60% de anos atrás, que voltem a oferecer a opção de transferência para programas estrangeiros, sem quaisquer bônus de transferência, mas na paridade justa de 1:1.
Para quem acumula os pontos na Livelo, é até possível transferi-los para programas estrangeiros, mas vai equivaler a ter seu cartão pontuando 1.1 (com exceção do Lifemiles, que seria equivalente a 1.7). Estes 1.1 de hoje seriam o mesmo que ridículos 0.4 anos atrás.
Algumas Palavras
Enfim, para não continuar com a choradeira, e retomar o início da postagem, acho elogiável que, pelo menos, o Bradesco tem se destacado entre a concorrência no mercado de cartões. Temos o lançamento destes novos produtos (ainda que sem grandes atrativos), abertura de lounges próprios e convênios com outros nacionais, além de boas promoções como a da Semana do Consumidor, onde foram oferecidos seus melhores cartões com dois anos de anuidades grátis.
De todos os grandes bancos, é o que oferece a linha mais completa de cartões. Colocaria o Santander em segundo lugar, apesar dos pesares, por causa dos bons cartões AAdvantage e da parceria exclusiva com a Ibéria.
Mas está na hora dos demais grandes bancos, Banco do Brasil, CEF e Itaú (apesar do Pão de Açúcar, único produto de excelência), e mesmo dos citados acima, reverem suas políticas de inovação e competição, em um período futuro em que os clientes serão muito mais valiosos e disputados. A concorrência ficará ainda mais acirrada e a escolha do cartão em que serão feitas as compras e pagas anuidades será muito mais criteriosa.
Nota: Agradecemos ao Carlos por compartilhar conosco sua opinião sobre evolução dos programas de pontos de cartões de crédito nacionais
Para Saber Mais
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