Um assunto que causa dúvidas e questionamentos quando exploramos o mundo dos pontos é a possibilidade de usar milhas de determinada companhia aérea para voar com outra. Em razão disso, um leitor questionou através do Instagram se milhas do programa AAdvantage da American Airlines faz “sentido em qualquer situação ou só para quem quer ir para a América do Norte?”
Apesar de eventualmente surgirem boas oportunidades de emissão para voos entre o Brasil e América do Norte, como a promoção noticiada aqui, não existe uma frequência razoável, tanto que a última ocorreu há quase um ano atrás. Em uma situação normal, fora de promoção, na grande maioria das vezes o AAdvantage vai possibilitar melhores emissões com as companhias parceiras, além de permitir experiências de voo muito melhores que com a própria American Airlines.
Oneworld e Demais Parcerias
Importante referir que as empresas aéreas normalmente fazem parte de uma aliança, no caso a American Airlines é membra da Oneworld, e/ou realizam acordos para compartilhamento de voos e milhas, sendo que a emissão do bilhete sempre vai ocorrer dentro do programa e seguindo regras próprias, mas o voo é realizado com a parceira.
Abaixo as companhias da Oneworld nas quais é possível emissão com milhas AAdvantage, bem como na sequência as demais parceiras, constando ainda no último item as empresas que a emissão ocorre diretamente pelo site (as demais apenas pela central de atendimento, que por sinal é muito boa):
A principal vantagem de utilizar milhas AAdvantage para resgate com outras companhias decorre da existência de uma tabela fixa e por região para voos com as parceiras, com ótimas opções de resgate, especialmente em executiva e primeira classe, enquanto que para voos com a própria American Airlines já foi implementada precificação flexível, que na prática permite a empresa cobrar em milhas quanto quiser.
Como a tabela fixa para parceiras tende a ser alterada com pouca frequência, garante ainda uma certa previsibilidade com relação ao número necessário de milhas.
Para encontrar os melhores resgates, importante conhecer quais são as regiões e os países pertencentes a cada uma delas, o que pode ser encontrado na aba “Definições das regiões” do seguinte endereço. Um estudo mais detalhado permite encontrar oportunidades interessantes, até mesmo porque bom conhecimento em geografia não é suficiente, pois é a própria companhia que enquadra os países e regiões.
Alguns exemplos que somente são possíveis identificar com a análise da tabela: Marrocos como Europa, Egito como Oriente Médio e Manaus em região diferente do Brasil para emissões que envolvem o exterior (mesma região de Bolívia e Colômbia).
Exemplos de Emissões com Parceiras
A partir da verificação da tabela e dos pontos necessários para cada emissão, conforme mesmo link indicado acima, é possível identificar que alguns voos não valem a pena (normalmente quando origem e destino são próximos, e, principalmente, quando entre regiões diferentes), mas outros são bem interessantes, conforme alguns exemplos:
- Econômica: Porto Alegre – Manaus por 7.500 milhas com a Gol Linhas Aéreas ou Londres (Inglaterra) – Malé (Maldivas) por 20.000 milhas com a British Airways, Etihad Airways, Qatar Airways ou SriLankan Airlines.
- Executiva: Perth (Austrália) – Papete (Polinésia Francesa) por 30.000 milhas com a Qantas e Air Tahiti Nui ou Auckland (Nova Zelândia) – Hong Kong por 40.000 milhas com a Cathay Pacific, Malaysia Airlines ou Qantas Airways.
- Primeira Classe: Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos) – Seul (Coréia do Sul) por 50.000 milhas com a Etihad Airways ou Sydney (Austrália) – Singapura por 50.000 milhas com a Qantas Airways.
Outras Considerações
Referidas emissões podem ser ainda otimizadas, na medida que possível quatro segmentos por emissão, sem aumento no valor do bilhete. No exemplo Londres (Inglaterra) – Malé (Maldivas), poderia existir antes o trecho Belfast (Irlanda do Norte) – Londres sem custo, além de ser possível, se do interesse, conexão de até 24h em Londres e até 24h em Doha no Qatar (se optado pelo bilhete operado pela Qatar Airways). Isso possibilitaria ainda aproveitar um pouco duas cidades que são fáceis de se deslocar por transporte público diretamente do aeroporto.
A título de comparação, voos para os Estados Unidos com a American Airlines partindo de São Paulo estão hoje a partir de 22.000 milhas AAdvantage em econômica, o que é bastante razoável; no entanto, em executiva, a partir de 49.500 milhas, que é similar aos exemplos mencionados acima, mas que são em primeira classe e com companhias aéreas que permitem melhores experiências.
Vale considerar também que não raramente o Latam Pass oferece resgates em econômica para os Estados Unidos em valores similares aos 22.000 indicados, sendo que as milhas são fáceis e baratas de se obter. Como as milhas AAdvantage são mais valiosas e de difícil obtenção, além de oferecem muito mais possibilidades, se mostra mais interessante utilizar o Latam Pass para estas emissões.
Para um maior conhecimento do programa AAdvantage da American Airlines, indico ainda a leitura do tutorial que a Beatriz fez, que vocês podem ver a primeira parte aqui.
Algumas Palavras
Sou um pouco suspeito para falar do AAdvantage, que é meu programa aéreo favorito, e permite não só ótimas oportunidades, como emissões bem customizadas. Mas, particularmente, em razão do exposto neste post, só uso para emissões com parceiras, e normalmente para regiões que não envolvem o Brasil, dada a possibilidade de melhores resgates.
E vocês, o que acham do assunto, concordam que as emissões com parceiras através do AAdvantage têm um custo x benefício melhor se comparadas com as emissões da própria American Airlines? Fica também aberto o espaço para outras sugestões de emissões para reforçar (ou contrapor) o tema.
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