Neste post nosso super leitor Carlos faz algumas ponderações sobre o impacto da pandemia do covid-19 nos vendedores de milhas.
O cenário atual
A Beatriz publicou uma postagem sobre o impacto da pandemia nas empresas de milhagem (clique aqui para ler o artigo). Porém, lendo os comentários, pensei em outro aspecto: qual o impacto da pandemia nos vendedores de milhas destas empresas, ou que operam serviços semelhantes por conta própria?
Vamos ignorar a saúde financeira das grandes empresas e assumir que todas pagarão suas compras de pontos e continuarão funcionando normalmente (apesar de parecer improvável).
O setor de viagens e turismo se encontra paralisado no momento e assim permanecerá até a pandemia ser controlada, em data imprevista. Mesmo após este período, o impacto econômico e social da pandemia continuará reverberando pelo mundo, dificultando a retomada do setor, que demorará um bom tempo (anos) para retornar ao padrão pré-crise.
O que isso já quer dizer? Que milhares de passagens já emitidas foram canceladas e mais do mesmo continuará a acontecer. As emissões de passagens com pontos estão estagnadas e assim continuarão.
Temos, então, uma quantidade enorme de pontos disponível no mercado, seja das passagens canceladas (e já pagas, na melhor das hipóteses), que permanecerão como crédito para reutilização pelas empresas, seja dos vendedores que não terão facilidade em reduzir seu estoque de pontos.
Em momentos de crise, é até possível que pessoas que normalmente não eram vendedores profissionais de pontos se sintam compelidas a tentar transformar suas reservas de pontos para viagens futuras em reservas financeiras, aumentando ainda mais o montante da oferta.
O provável impacto nos vendedores de milhas
E qual o impacto de tudo isto? Conforme comentários na postagem referida anteriormente, a cotação dos preços de venda dos pontos despencou. Acredito que quem conseguir, pelo menos, resgatar o valor investido já ficará aliviado.
Existe também a questão da expiração dos pontos. Especialmente com Smiles, o prazo de validade dos bônus de transferência era de apenas 6 meses. As empresas parecem que estão ampliando a validade dos pontos que expirarão proximamente ou mesmo os já expirados em passagens canceladas, mas ainda assim é mais um fator de dificuldade.
Há ainda outro complicador nesta equação que é o do limite de CPFs ou Nomes que Smiles, Latam Pass e Tudo Azul impõem para cada conta. Mesmo as passagens tendo sido canceladas, o CPF ou Nome utilizado em cada uma continua a contar no limite máximo de cada programa.
Mesmo supondo que a nova emissão vá acontecer, é possível que várias contas venham a ser bloqueadas por ultrapassarem tais limites (não sei qual a rapidez do bloqueio das contas, se basta ultrapassar a quantidade para o bloqueio acontecer imediatamente ou se há algum atraso na sua implementação).
No final, os vendedores de milhas que investiram com o objetivo de vender devem estar enfrentando dilemas parecidos com comerciantes que estão com suas lojas fechadas, com seu estoque com o prazo de validade vencendo e com as despesas da atividade ainda ativas.
O comércio de pontos e passagens parece ser um setor que será profundamente afetado pela atual crise, com efeitos duradouros, mais até que o de viagens, propriamente.
Qual a opinião de vocês?
Mais uma vez agradecemos ao Carlos por compartilhar conosco suas impressões sobre o impacto do covid-19 nos vendedores de milhas.
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