Hoje o site O Globo divulgou uma matéria intitulada: Procon-SP: Metade das passagens vendidas em promoção da Gol foi para agências.
Vi MUITA especulação na internet em relação a essa promoção e à conclusão do Procon-SP, porém tem muita desinformação nisso tudo. Como ando bastante atarefado e está difícil publicar algo em “primeira mão”, como alguns leitores gostam de dizer, vou explicar o que aconteceu nessa promoção e desmistificar a grande quantidade de especulações que surgiram internet a fora.
Primeiramente, para quem não acompanhou, durante o último jogo do Brasil a Gol disponibilizaria 140 bilhetes aéreos ao preço de R$3,90 para vários destinos internacionais. Veja a regra da promoção:
Primeiro vamos analisar o regulamento, depois partimos para a questão de como funciona a venda dos bilhetes.
Na matéria do O Globo, o Procon-SP informa o seguinte:
Segundo informado pela Gol, as vendas de passagens ocorreram das 21h33 às 22h25, mas chamou a atenção do Procon-SP o fato de muitos consumidores afirmarem ter feito a ligação às 21h30 e não terem conseguido efetuar a compra. Ao mesmo tempo, outros relataram ter efetuado a compra às 22h25, quando a promoção já havia sido encerrada.
Essa afirmação está totalmente equivocada. Nas próprias regras da oferta diziam que a promoção era válida entre 21h30m e 23h30m, se você possui um intervalo de oferta, todos os bilhetes não seriam publicados de uma só vez, mas aos poucos dentro desse intervalo de tempo, concordam? Eu, pelo menos, entendi assim desde quando a companhia divulgou a promoção. Dessa maneira, faz todo sentido alguns clientes não conseguirem comprar bilhetes 21:30h, mas outros conseguirem comprar às 22:25h. Deveriam ficar pesquisando a todo momento até que um novo lote de bilhetes fosse liberado, de acordo com o tempo.
O Procon-SP continuou a vomitar asneiras ao afirmar o seguinte:
Segundo informações prestadas pela Gol Linhas Aéreas, foram vendidas 167 passagens na promoção, sendo que 89 delas (47%) estavam atreladas a agências de viagem ou turismo. Dessas, 32 foram para a ViajaNet e 24 para a CVC.
O Procon-SP considera que houve “abusividade na promoção” de passagens, já que nem todas foram comercializadas para o consumidor final. Para o órgão, a companhia aérea deveria ter implementado medidas que assegurassem que a campanha ficasse restrita ao consumidor final, que tem sua vulnerabilidade reconhecida pela lei.
Agora sim vem a parte divertida!
O Procon-SP afirmou que parte dos bilhetes foram vendidos às agências de viagens, levando o leitor a acreditar que as mesmas adquiriram estes bilhetes para serem revendidos posteriormente a seus clientes. Na verdade, não foi isso que aconteceu! Para quem acompanhou a promoção, viu que os bilhetes de R$3,90 foram disponibilizados nos sites destas OTAs (agências de viagens online) e que clientes finais conseguiram comprar os bilhetes através desses canais. Porquê? Com a ampla divulgação da promoção, o site da Gol ficou congestionado, não permitindo que os clientes conseguissem completar a compra dos bilhetes (em alguns momentos, a página nem carregava devido ao tráfego intenso).
Desmistificando, a Gol vendeu bilhetes para as agências diretamente? Não! A agência foi apenas um intermediador da transação, mas a passagem foi sim emitida para um cliente final. Aliás, recebi alguns screenshots via Whatsapp (desconheço os autores) mostrando justamente isso, vejam só:
O que acontece é que as companhias aéreas, a fim de difundir suas ofertas de bilhetes para o máximo de pessoas possível, possuem parcerias com sistemas de distribuição, chamados GDS (Amadeus, Sabre, etc). As agências virtuais como ViajaNet e CVC (Submarino Viagens), contratam estes sistemas de distribuição a fim de conseguir ofertar o maior número possível de voos para seus clientes e, assim, conseguir em seus resultados o melhor preço e voos.
O grande erro da Gol nesta promoção foi justamente não limitar a publicação das tarifas promocionais apenas ao sistema de sua página virtual. Conforme regulamento, só seria possível comprar bilhetes através do site VoeGol, ou seja, as agências de turismo estariam excluídas.
Isso é muito comum no site da Gol quando ela oferta tarifas promocionais por curtos períodos de tempo. Aliás, um exercício interessante para quem assina o ExpertFlyer! Quando a Gol divulga seus feirões de bilhetes a preços reduzidos, procure as bases tarifárias mais em conta no ExpertFlyer e você verá que os valores desses bilhetes promocionais são mais baixos que a base tarifária mais barata publicada pela companhia. Isso acontece porque a Gol limita a promoção para bilhetes emitidos apenas em seu website, ou seja, ela não deixa que as tarifas sejam publicadas para distribuição em algum GDS. Era exatamente isso que a Gol deveria ter feito neste caso! Apesar da dificuldade de acesso ao seu website, no fim das contas, limitar a emissão ao voegol.com.br nada mais era do que cumprir uma das cláusulas do contrato (regra da promoção).
Então, apesar do Procon-SP ter viajado na maionese em suas afirmações, a Gol vacilou sim em relação a esta oferta a partir do momento que desrespeitou a própria regra imputada por ela, que dizia que os bilhetes só poderiam ser emitidos em seu website. Aliás, essa regra foi o principal balizador para que eu nem tentasse buscar os bilhetes em agências de viagens online.
E aí? O que acharam da promoção?
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