Este é o último tutorial que eu escrevo ensinando regras básicas para ajudá-los a encontrar melhores preços de passagens aéreas. Leia também:
- Como funcionam as tarifas aéreas?
- Porque você deve ler as regras tarifárias antes de comprar seu bilhete aéreo
O que são classes tarifárias?
Vimos nos tutoriais anteriores que para determinar o preço de um bilhete aéreo temos a composição de vários custos, tendo maior relevância, a tarifa básica. A grande questão é que muitas vezes temos uma tarifa básica publicada, porém não conseguimos encontrá-la para compra, seja através do site da companhia ou com um agente de viagens. Isso acontece, pois não basta existir uma tarifa básica publicada, é necessário haver disponibilidade nos voos, e é aí que entram as classes tarifárias.
Antes de prosseguir, veremos alguns conceitos relacionados às classes tarifárias que facilitarão o entendimento de disponibilidade posteriormente.
As classes tarifárias não devem ser confundidas com classes de serviço. Atualmente temos quatro classes de serviço que são: Primeira Classe, Executiva, Econômica Premium e Econômica. Já as classes tarifárias são definidas por letras do alfabeto e uma mesma classe de serviço pode possuir várias classes tarifárias.
Veja abaixo a lista de classes tarifárias da Lufthansa (LH) e da TAP (TP).
Pode-se notar que a classe P define executiva na Lufthansa, porém na TAP, define primeira classe. Cada companhia escolhe à sua maneira as classes tarifárias de seus voos exceto para tarifas cheias (full fares), onde há certa padronização na indústria: A e F para primeira classe, C e J para executiva e Y para econômica.
Veja que existem classes específicas para bilhetes resgatados com milhas (award). Esta informação é especialmente importante quando você precisa emitir um bilhete com milhas já que, se não houver disponibilidade na classe X (tanto Lufthansa, quanto TAP) em determinado dia, com certeza nenhum funcionário de call center conseguirá emitir o bilhete que você quer.
É importante notar que algumas pessoas confundem o conceito de tarifa cheia, que são bilhetes modificáveis e reembolsáveis, baseado no preço pago pela passagem. Você pode ter pago uma fortuna para voar e mesmo assim não ter comprado um bilhete com as características de classe cheia.
A classe tarifária também é utilizada para definir como será a pontuação em programas de fidelidade. O site Wheretocredit possui um bom catálogo de quantos pontos você pode receber baseado na classe tarifária de seu bilhete e em qual companhia deseja acumular as milhas.
Classes tarifárias e disponibilidade de voos
Através das classes tarifárias é que há definição se será possível chegar ao preço de uma tarifa básica publicada. Para que determinada tarifa básica possa ser comprada, a classe tarifária deve estar disponível nos voos associados a ela, vejamos um exemplo.
Quero sair do aeroporto de GRU para FRA voando LATAM. Pesquiso no ExpertFlyer e encontro as tarifas básicas com suas regras tarifárias disponíveis conforme abaixo:
*Dica: na maioria das vezes a primeira letra da tarifa básica é a mesma que representa a classe tarifária
Com a informação acima em mãos, agora é necessário pesquisar quais as classes tarifárias disponíveis nos trechos e dias voados (ida 18/10/2017 e retorno 25/10/2017).
Na imagem anterior é possível visualizar várias letras com números associados a elas. As letras, obviamente, referem-se às classes tarifárias, e os números, à sua disponibilidade. Dependendo da companhia aérea, o maior número apresentado juntamente a uma letra pode ser 4, 7 ou 9. Isso não quer dizer que só exista essa quantidade de assentos disponível naquela classe tarifária. Pode ser que existam 20, porém só será apresentado 4, 7 ou 9. É por isso que não conseguimos saber quantos bilhetes foram emitidos ou se um voo está com ocupação elevada.
Quando a letra possui o zero associado a ela, significa que não há disponibilidade naquela classe tarifária. É por isso que muitas vezes existe uma tarifa básica publicada, porém não conseguimos encontra-la em nenhum lugar. O inverso também acontece, onde é possível encontrar classes tarifárias com disponibilidade, porém nenhuma tarifa básica publicada para ser associada a ela. No caso acima, por exemplo, não conseguiríamos emitir um trecho de ida e volta na tarifa OLESPU0E, que é a uma das mais em conta, pois não há disponibilidade na classe tarifária O para o voo de volta.
O “pulo do gato” acontece quando você começa a brincar com estas informações. Vamos fazer um exemplo básico para facilitar o entendimento, apesar desta solução ser fenomenal também para trechos complexos.
Veja que a tarifa mais em conta é na classe S, na regra S128CX1A, no valor de U$103. Ao buscar disponibilidade de Belém para Viracopos, verifico que o primeiro resultado apresentado possui disponibilidade apenas na classe O, na regra O121AD, de U$231.
Faz sentido os trechos acima apresentarem o preço para a classe tarifária O com sua respectiva tarifa básica, pois se procurarmos a disponibilidade nestes voos veremos que as classes tarifárias mais em conta já estão esgotadas.
Vocês já sabem que a tarifa básica define o preço entre um aeroporto de origem e um de destino, independente dos trechos voados. Mas não só isso, para conseguir combinar diversas conexões, é necessário ler as regras tarifárias a fim de verificar as permissões para emitir o bilhete naquela tarifa. Verificando as tarifas básicas listadas nas imagens anteriores, vi que não há limitação de número de conexões, desde que os trechos sejam operados pela própria Azul (não coloquei as regras aqui pois ficaria muito extenso). Desta forma, comecei a procurar disponibilidade de lugares em outros voos que também partiam de Belém. O resultado, é que consegui um bilhete na classe P, tarifa P128AD, de U$195, que é mais em conta que a tarifa da classe O. Sei que neste exemplo tive que “dar uma volta” gigantesca, mas nem sempre isso acontece, vai depender muito da complexidade da viagem. Apesar disso, no balcão da companhia aérea, você consegue solicitar aos funcionários da empresa para eliminar alguns trechos e diminuir o tempo de viagem (quando houver disponibilidade).
Este exemplo mostra o poder que nós temos em nossas mãos para conseguir as melhores tarifas. Veja que os sistemas computacionais existentes atualmente são muito complexos e as respostas que recebemos são superficiais, pois para realizar uma pesquisa avançada para cada usuário seria muito caro. Com as informações que conseguimos através dos métodos mostrados aqui, é possível nós mesmos inserirmos no sistema uma seleção de trechos que nos retornará um preço menor. Obviamente para trechos simples como o do exemplo, não há necessidade de um planejamento tão extenso, porém para viagens complexas, estas técnicas são uma “mão na roda”.
De posse dos dados encontrados em seu itinerário eu recomendo a utilização de sites que permitam pesquisar bilhetes com a opção multi-trechos. Desta forma, você conseguirá montar o itinerário que deseja sem receber resultados padrões de sistema. Uma alternativa que me agrada bastante e que eu já relatei aqui no blog sobre sua utilização é pesquisar os bilhetes através da ferramenta ITA Matrix e utilizar o plugin Tampermonkey para emitir os bilhetes por algum agente de viagens online ou companhia aérea. No ITA Matrix é possível pesquisar os trechos por classe tarifária, o que facilita ainda mais a busca.
O que eu gostaria de ensinar com esses três tutoriais é que não existe bicho de sete cabeças para comprar passagens aéreas. Além de bugs e passagens promocionais, é possível conseguir preços em conta pesquisando bastante e fazendo o dever de casa. Logicamente, para trechos simples e domésticos não vale a pena perder horas e horas fazendo isso, mas para trechos complexos, pode resultar numa grande economia financeira.
Espero que tenham gostado e qualquer dúvida/crítica/sugestão, basta comentar!
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