O nosso querido Carlos nos mostra as ações de marketing que as empresas de cartões de crédito dos Estados Unidos estão fazendo para tentar incentivar o uso dos cartões durante a pandemia do covid-19. Enquanto isso, o que acontece em terras tupiniquins?
O atual cenário para os cartões de crédito
Com a atual crise sanitária mundial e consequente crise econômica (podendo no Brasil ainda haver uma crise política), houve uma queda geral nos gastos pessoais, refletida nas estatísticas de uso de cartões de crédito e débito.
De acordo com o gráfico abaixo, publicado no jornal O Globo, houve queda no faturamento diário, em 1º de abril, de 21% nos cartões de débito e 36% nos de crédito. Com exceção de supermercados e farmácias, todos os demais setores tiveram queda no faturamento, tendo o setor de turismo (setor chave para os cartões de crédito de alta renda, tanto em termos de faturamento quanto de benefícios) caído 80%.
Apesar de inevitável a queda, em momentos de crise espera-se alguma criatividade ou proatividade das empresas para minimizar as perdas ou, ao menos, algumas ações efetivas de marketing para que seus clientes mantenham uma imagem positiva da empresa, permanecendo fiéis quando a situação melhorar.
O que acontece no Brasil
No Brasil, entretanto, vimos poucas ações de empresas de cartão de crédito visando a incentivar o consumo ou o não cancelamento de seus produtos.
Os cartões Porto Seguro diminuíram em 50% os valores da tabela de isenção de anuidade, por 90 dias. O Santander está oferecendo pontos Esfera em dobro para quem utiliza seus cartões virtuais, pelo menos até maio. E os cartões Smiles estão oferecendo uma milha adicional a cada duas acumuladas, também no mês de maio.
E só. Já escrevi anteriormente que está mais do que na hora dos cartões de crédito atualizarem sua política de pontuação, devido à disparada do dólar e consequente queda no acúmulo de pontos por uso do cartão de crédito. Ou então, aumentarem o leque de parceiros aéreos.
As promoções de cartões de crédito nos Estados Unidos
Repetindo a matemática, hoje um simples cartão Itaucard Pão de Açúcar Platinum pontua de 130% a 160% a mais que os melhores cartões Blacks Infinites Nanquins da vida.
Reforçando a ideia da criatividade ou proatividade, os cartões de crédito americanos, enfrentando situação semelhante, resolveram mexer seus “traseiros gordos” e anunciaram uma série de medidas bastante atrativas para seus clientes, em especial os dos cartões com anuidades mais caras, que equivaleriam, nacionalmente, aos “Blacks Infinites Nanquins da vida”.
No Citi, o cartão Prestige possui anuidade de U$ 495 e crédito de U$ 250 para gastos na categoria viagens. Como já informado anteriormente, esta é uma categoria sensivelmente afetada pela crise. A empresa, então, liberou o crédito para gastos na categoria supermercado e restaurantes (incluindo entrega) até dezembro, o que será facilmente utilizado por seus clientes.
No Chase, os cartões que ofereciam maior pontuação na categoria viagens também tiveram o acréscimo da categoria supermercados na mesma pontuação, fazendo durante 90 dias uma equivalência entre comprar passagem ou hotel com comprar maçã ou papel higiênico.
Na Amex, as mudanças atingiram uma maior variedade de cartões.
O TPC, com alta anuidade de U$ 550, receberá créditos mensais, por 8 meses, de U$ 40 para gastos com serviços de streaming e operadoras de celular (metade para cada). No Amex Green, com anuidade de U$ 150, crédito mensal de U$ 10, pelo mesmo período, para gastos com operadoras.
No Amex Hilton Aspire, com anuidade de U$ 450, por 3 meses os gastos em supermercados terão sua pontuação quadruplicada e o crédito de U$ 250, para ser usado em resorts, valerá para restaurantes. A estadia grátis anual em qualquer hotel da rede terá sua validade ampliada para 24 meses e valerá em qualquer dia da semana, não mais só em finais de semana.
E no Amex Bonvoy Brilliant, também com anuidade de U$ 450, pelos mesmo períodos os gastos em supermercados terão sua pontuação triplicada e o crédito de U$ 300 para ser usado nos hotéis da rede valerá para restaurantes.
E isto tudo apenas para incentivar o uso dos produtos e justificar as anuidades cobradas. Não houve queda de 40% na pontuação obtida devido a variação cambial.
Algumas Palavras
Enfim, fica cada vez mais desanimador utilizar os cartões de crédito nacionais, com exceção do PDA. Qualquer desconto de 1,5% ou mais (valor provavelmente inferior ao cobrado pelas empresas para pagamentos em cartão de crédito) para pagamento em débito, boleto ou dinheiro está valendo mais a pena do que pagar no crédito.
A se manter ou piorar a ordem de grandeza da cotação cambial, é possível que os gastos em cartões de crédito, mesmo com o final das crises, não retornem aos patamares anteriores pela diminuição de atratividade de seu uso, aliado a anuidades cada vez mais altas.
Nota: Mais uma vez agradecemos ao Carlos por compartilhar conosco a análise acima que serve como alerta aos consumidores brasileiros.
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